Domínio Público



Esse documentário começou a ser filmado um ano atrás, de forma independente, com pouquíssimo recurso conseguido através da produção de um evento cultural. A equipe abriu mão de seus salários e os equipamentos foram cedidos gratuitamente. Percorremos as comunidades do Vidigal, Vila Autódromo, Providência, toda a Zona Portuária do Rio de Janeiro e o Maracanã, obtendo diversas imagens, entrevistando muitos moradores, participando de reuniões, debates e conflitos. Além disso, entrevistamos o professor Carlos Vainer do IPPUR/UFRJ, pesquisador de megaeventos, o Deputado Estadual Marcelo Freixo e o Deputado Federal Romário.

Nesse período, investigamos para onde estão indo todos os bilhões investidos no Brasil, principalmente no Rio de Janeiro, visando a Copa do Mundo e as Olímpiadas. Está muito claro para nós, que grande parte desse dinheiro sairá dos cofres públicos e servirá para enriquecer um grupo muito restrito de empreiteiros, políticos, bancos e empresários envolvidos com esses megaeventos. O legado que vai ser deixado para a população é muito pequeno. E o pior de tudo: várias comunidades estão sendo removidas, ilegalmente, das áreas de forte interesse imobiliário para periferias distantes, sem nenhuma infraestrutura e dominadas por milícias fortemente armadas e extremamente violentas.

Pretendemos aprofundar a pesquisa e o debate sobre esse processo, mas fazer cinema é complicado e os equipamentos são caros. Os meios de financiamento no Brasil são oriundos de leis de incentivo/editas que envolvem o governo ou grandes empresas, que jamais apoiariam projetos como o nosso. Estamos tentando o financiamento coletivo para prosseguir com o filme. Você pode doar qualquer valor a partir de 10,00 em troca de recompensas criativas, e ajudar na produção e divulgação dessas informações para a população. Precisamos de 90.000 reais, o que ainda é pouco, pois queremos filmar muito mais, finalizar um longa-metragem, divulgar na internet e exibir nas ruas, praças e comunidades através do Cine Ataque. Acreditamos que o nosso vídeo pode chamar a atenção da sociedade para as injustiças que estão sendo cometidas contra o povo brasileiro.

Juntos, nós podemos intervir nessa realidade. PARTICIPE!

Acesse http://catarse.me/pt/dominiopublico e apoie este projeto.

O profissionalismo como religião

Logo que mudei para a França, tive de levar meu carro para consertar. Ao buscá-lo, perguntei se havia ficado bom. O mecânico não entendeu. Na cabeça dele, se entregou a chave e a conta, nada mais a esclarecer sobre o conserto. Mais à frente, decidi atapetar um quartinho. O tapeceiro propôs uma solução que me pareceu complicada. Perguntei se não poderia, simplesmente, colar o tapete. O homem se empertigou: ”O senhor pode colar, mas, como sou profissional, eu não posso fazer isso”. Pronunciou a palavra “profissional” com solenidade e demarcou um fosso entre o que permite a prática consagrada e o que lambões e pobres mortais como eu podem perpetrar.

Guangzhou é a primeira Cidade Global a limitar a compra de carros novos

Enquanto as montadoras estão derrapando para entender o novo conceito de mobilidade urbana, as cidades mais inteligentes vem tomando atitudes agressivas para restrição do uso do automóvel. No entanto, Guangzhou foi além, no que o jornal New York Times comparou o impacto da atitude como: “seria o mesmo que se Los Angeles ou Detroit restringissem a posse de um veículo”. Sem dúvida, trata-se de uma atitude corajosa. Guangzhou é a terceira maior cidade da China, com mais de 12 milhões de habitantes, maior até do que a cidade de São Paulo e é também um dos maiores centros de produção de automóveis da China.

Guangzhou é considerada uma Cidade Global, conceito criado por urbanistas para designar quando uma cidade é um ponto importante estratégico para o sistema econômico de finanças e comércio do mundo.

A cidade decidiu colocar a qualidade de vida acima do crescimento econômico de curto prazo e acredita que a medida, entre outras, de restrição ao uso do automóvel e motocicletas no centro da cidade, vai promover a limpeza do ar e reduzir os custos com saúde pública, além de reduzir o custo “congestionamento”, que é pior para o desenvolvimento da cidade do que o “desaceleramento da economia”. A ideia é descentralizar a venda em cidades já saturadas, obrigando a indústria a procurar novos mercados de forma mais sustentável. Com isso, o governo vai apoiar a indústria em outros setores onde os impactos negativos para a mobilidade nas cidades sejam menores. Ainda na reportagem do New York Times, o vice-diretor de planejamento da cidade de Guangzhou acrescenta: “Para que precisamos de PIB se não temos saúde?”

Sistema de Transportes
O Governo de Guangzhou vem investindo pesado na expansão da rede de Metrô. A primeira linha foi inaugurada em 1997, e de lá para cá, já são oito linhas que se estendem por 236km. o objetivo é chegar a 500km de extensão, divididos em 15 linhas, até 2020. Como suporte para as linhas de Metrô, a cidade investiu também em cerca de 30 km de corredores de ônibus no sistema BRT (Bus Rapid Transit), com capacidade para transportar 1 milhão de pessoas diariamente, tornando-se a segunda maior operação de sistema de BRT do mundo, depois apenas do Transmilênio de Bogotá na Colômbia.

Guangzhou já tem 85% da frota de transportes públicos abastecidos à GLP, e é considerado a maior rede do mundo. Além disso, tem mais de 16.000 táxis abastecidos pelo Gás.

A cidade possui uma das maiores redes de bicicletas públicas do mundo com cerca de 30.000 bicicletas.

Recentemente iniciou uma discussão sobre a implantação do pedágio urbano, tendo como base as cidades de Hong Kong (120km) e o sucesso do sistema em Cingapura.

Em janeiro de 2007, o governo municipal proibiu motocicletas em áreas urbanas. Motociclistas que desrespeitam a lei têm seus veículos apreendidos. Segundo o governo, a medida tem reduzido sistematicamente o nível de congestionamento.

Guangzhou possui uma grande malha de trens suburbanos. No final de 2009, foi inaugurada a primeira linha de trem bala de Wuhan-Guangzhou, cobrindo 980km a uma velocidade média de 320 km/h. E, em janeiro de 2011, foi inaugurado a linha Guangzhou-Zhuhai.

Revisto e adaptado de: Blog Mobilidade Sustentável
Acesso em: 22/09/2012, às 11h00min

"O brasileiro tem paixão pelo luxo", entrevista com Gilles Lipovetsky

Um dos mais badalados e provocativos filósofos contemporâneos, o francês Gilles Lipovetsky, 68 anos, é um especialista em analisar as questões que permeiam a sociedade consumista e de aparências em que vivemos. “O homem moderno tem necessidade de emoção e, para a maioria das pessoas, isso passa pelo consumo”, diz ele. “Quando você não tem tantos amores ou grandes emoções, o consumo funciona como um prazer fácil, que traz satisfação momentânea.” Autor dos livros “O Império do Efêmero”, “Luxo Eterno” e “A Sociedade da Decepção”, todos publicados no Brasil, ele prepara para 2013 uma obra sobre as relações entre o capitalismo e os fenômenos estéticos. Nesta semana, Lipovetsky chega ao Brasil para participar da conferência internacional sobre luxo The New World of Luxury, e falou à ISTOÉ de sua casa em Grenoble, na França, onde leciona filosofia.
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