O milagre da fotografia


Fotografia: todos a consideram verdadeiro milagre da técnica e incomparável poder de trazer sempre presentes lembranças do passado porjetando-as no futuro.

Não há quem, hoje, não procure se iniciar na arte fotográfica para colher flagrantes da vida particular ou pública, seja como simples registro de fatos do círculo familiar ou da grande sociedade.

Desde 1888, quando George Eastman criou sua primeira câmara "caixote", a fotografia tornou-se uma das mais incríveis e revolucionárias invenções, a mais popular forma de arte. Atribui-se sua criação a dois pesquisadores: Nicéphore Niépce e Louis Daguerre, este que encontrou, finalmente, a solução de "fixar" a imagem de maneira permanente pelo hipossulfito.

A fotografia se espalhou pelo mundo inteiro com a ajuda da indústria e dos recursos da cor. Hoje está presente em toda parte, ganhou o cinema, a televisão, os neios de comunicação social, dá prêmios, condecora profissionais, enche de alegria, colhe sorrisos, lágrimas, o começar da vida e seu fim, o trágico, o drama, a guerra, a festa, o esporte, a política, enfim, retrata como testemunha fiel, todos os momentos do homem sobre a Terra.

Por isso, apreciamos a fotografia, ver a imagem reproduzida com arte e gosto, Técnica e criatividade.

É um milagre do homem!

Fonte desconhecida

Destino: Transilvânia

"Ele gostava particularmente de assistir às execuções em massa: várias pessoas eram empaladas de uma só vez e deixadas ao longo dos caminhos, de um lado e de outro, as estacas erguidas como os mastros de um navio. Exigia esmero no empalamento, pois queria que as vítimas demorrasem para morrer, de modo a melhor apreciar o espetáculo. Depois, abandonava seus corpos expostos durante semanas, às vezes, meses. O voivoda sabia que a brutalidade era a sua maior garantia de paz."

Esse é só um trecho da incrível obra de Regina Drummond, Destino: Transilvânia. O livro conta a história de uma jovem, chamada Ingrid, que viaja à Romênia a convite da sua madrinha de mesmo nome. Durante a viagem, Ingrid (a nova) descobre histórias sobre uma Idade Média que está registrada apenas nos livros, e muito mais.

Por isso, faço um convite a você, leitor, para conferir Destino: Transilvânia, de Regina Drummond.

Risco de vida ou risco de morte?

Um educado leitor escreve para estranhar que esta página utilize a expressão risco de vida, alegando que um professor de renome já corrigiu este equívoco de uma vez por todas: "É risco de morte, pois só pode correr risco de vida um morto que está em condições de ressuscitar". Sinto dizer-te, meu polido leitor, mas não é bem assim que funciona. A experiência me ensinou a suspeitar, de antemão, de tais "descobertas" adventícias, feitas por essas autoridades que aparecem para me anunciar, com aquele olhar esgazeado do homem que viu a bomba, que eu estive cego e surdo todo esse tempo. Talvez não saibas, mas o Brasil assiste agora a uma nova safra desses Antônios Conselheiros da gramática: volta e meia, aparece um maluco disposto a reinventar a roda e a encontrar "erros" no Português que já era falado pela avó da minha bisavó e pelos demais antepassados - incultos, cultos ou cultíssimos. O que esses fanáticos não sabem (até porque, em sua grande maioria, pouco estudo têm de Lingüística e de Gramática) é que, mesmo que a forma que eles defendem seja aceitável, a outra, que eles condenam, já existia muito antes do dia em que eles próprios vieram a este mundo para nos incomodar.

Os falantes do Português sempre interpretaram esta expressão como a forma elíptica de "risco de perder a vida". Ao longo dos séculos, todos os que a empregaram e todos os que a ouviram sabiam exatamente do que se tratava: pôr a vida em risco, arriscar a vida. Assim aparece na Corte na Aldeia, de Francisco Rodrigues Lobo; nas Décadas, de João de Barros; em Machado ("Salvar uma criança com risco da própria vida..." - Quincas Borba); em Joaquim Nabuco; em Alencar; em Coelho Neto; em Camilo Castelo Branco e Eça de Queirós; na Bíblia, traduzida por João Ferreira de Almeida no séc. 17 ("Ainda que cometesse mentira a risco da minha vida, nem por isso coisa nenhuma se esconderia ao rei" - II Samuel 18:13); e assim por diante. Além disso, nossas leis falam em "gratificação por risco de vida", o Código de Ética Médico fala de "iminente risco de vida" e o dicionário do Houaiss, no verbete "risco", exemplifica com risco de vida. E agora, meu caro leitor? Achas mesmo que o teu renomado professor, se pudesse entrar em contato com o espírito de Machado ou de Eça, teria a coragem de dizer-lhes nas barbas que eles tinham errado durante toda a sua vida literária - e que ele estava só esperando a oportunidade para dizer o mesmo para Camilo Castelo Branco, Joaquim Nabuco e outros escritores que não tinham tido a sorte de estudar na mesma gramática em que ele estudou?

Nota, porém, que a defesa que faço do risco de vida não implica a condenação do risco de morte, que também tem seus adeptos - entre eles, o padre Manuel Bernardes e o mesmo Camilo Castelo Branco, que, nesta questão, acendia uma vela ao santo e outra ao diabo. Na maioria das vezes, seu emprego parece obedecer a um critério sutilmente diferente, pois esta forma vem freqüentemente adjetivada (risco de morte súbita, de morte precoce, de morte indigna) ou sugere uma estrutura verbal subjacente (risco de morte por afogamento, de morte por parada respiratória, de morte no 1º ano de vida, etc.) - ficando evidente a impossibilidade de optar por risco de vida nessas duas situações. Como se vê, somos obrigados a reconhecer que também é moeda boa, de livre curso no país, a única a ser usada em determinadas construções - mas não é um substituto obrigatório do consagradíssimo risco de vida. Aliás, a disputa entre as duas formas não é privilégio nosso, pois ocorre também no Inglês (risk of life, risk of death), no Espanhol (riesgo de vida, riesgo de muerte) e no Francês (risque de vie, risque de mort).

O equívoco da renomada (famigerada?) autoridade que mencionas, prezado leitor, foi acreditar ingenuamente que a nossa língua existe para expressar nosso pensamento, devendo, portanto, obedecer aos critérios da lógica - teoria que andou muito em voga lá pelo final do séc. 18 e que foi abandonada junto com a tabaqueira de rapé e o chapéu de três bicos. Por este raciocínio, se enterro um prego na madeira e enfio a linha na agulha, não poderia enterrar o chapéu na cabeça e enfiar o sapato no pé (e sim a cabeça no chapéu e o pé no sapato...); um líquido ótimo para baratas deveria deixá-las alegres e robustas, e não matá-las. A língua não pode estar submetida à lógica porque é incomensuravelmente maior do que ela, já que lhe cabe também exprimir as emoções, as fantasias, as incertezas e as ambigüidades que recheiam o animal humano. O Português atual, portanto, é o produto dessa riquíssima mistura, sedimentada ao longo de séculos de uso e aprovada por esse plebiscito gigantesco de novecentos anos, que deve ser ouvido com respeito e não pode ser alterado por deduções arrogantes e superficiais.

Retirado de: http://www.adur-rj.org.br/5com/pop-up/risco_vida_risco_morte.htm

A origem da filosofia

A palavra filosofia é grega. É composta por duas outras: philo e shofia. Philo deriva-se de philia, que significa amizade, amor fraterno, respeito entre os iguais. Sophia quer dizer sabedoria e dela vera a palavra sophos, sábio.

Filosofia significa, portanto, amizade pela sabedoria, amor e respeito pelo saber. Filósofo: o que ama a sabedoria, tem amizade pelo saber, deseja saber.
Assim, filosofia indica um estado de espírito, o da pessoa que ama, isto é, deseja o conhecimento, o estima, o procura e o respeita.

Atribui-se ao filósofo grego Pitágoras de Samos (que viveu no século V antes de Cristo) a invenção da palavra filosofia. Pitágoras teria afirmado que a sabedoria plena e completa pertence aos deuses, mas que os homens podem desejá-la ou amá-la, tomando-se filósofos.

A filosofia, entendida como aspiração ao conhecimento racional, lógico e sistemático da realidade natural e humana, da origem e das causas do mundo e de suas transformações, da origem e das causas das ações humanas e do próprio pensamento, é um fato tipicamente grego.

Evidentemente, isso não quer dizer, de modo algum, que outros povos, tão antigos quanto os gregos, como os chineses, os hindus, os japoneses, os árabes, os persas, os hebreus, os africanos ou os índios da América, não possuam sabedoria, pois possuíam e possuem. Também não quer dizer que todos esses povos não tivessem desenvolvido o pensamento e formas de conhecimento da Natureza e dos seres humanos, pois desenvolveram e desenvolvem.

Quando se diz que a filosofia é um fato grego, o que se quer dizer é que ela possui certas características, apresenta certas formas de pensar e de exprimir os pensamentos, estabelece certas concepções sobre o que sejam a realidade, o pensamento, a ação, as técnicas, que são completamente diferentes das características desenvolvidas por outros povos e outras culturas.

Através da filosofia, os gregos instituíram para o Ocidente europeu as bases e os princípios fundamentais do que chamamos razão, racionalidade, ciência, ética, política, técnica, arte.

Aliás, basta observarmos que palavras como lógica, técnica, ética, política, monarquia, anarquia, democracia, física, diálogo, biologia, cronologia, gênese, genealogia, cirurgia, ortopedia, pedagogia, farmácia, entre muitas outras, são palavras gregas, para percebermos a influência decisiva e predominante da filosofia grega sobre a formação do pensamento e das instituições das sociedades européias ocidentais.

Retirado de: ARRUDA, José Jobson de A. e PILETTI, Nelson. Toda a história. São Paulo, Ática, 2002.

Buracos negros

O termo universo é a chave que remete nossa imaginação a uma imensidão sem fim, em que pontos e regiões brilhantes se sobressaem, contrastando com um fundo negro ilimitado que alguns chamam de infinito.

Os pontos brilhantes que adornam o céu escuro são, na maioria, estrelas que seguem um rito natural, semelhante ao dos seres vivos, de nascimento, vida e morte.

Nuvens de gases e poeira cósmica, constituídas principalmente por hidrogênio, começam a se aglomerar movidas por forças de atração gravitacional. É nesse momento que tem início o surgimento de uma nova estrela, cujo núcleo vai adquirindo temperaturas elevadíssimas, da ordem de milhões de graus Celsius. Essa elevação da temperatura desencadeia o processo de fusão nuclear que transforma o hidrogênio em hélio. Dessa forma, quantidades fantásticas de energia radiante são lançadas no espaço, propagando-se com a velocidade da luz (c = 300 000 km/s).

A Terra recebe do Sol, nossa estrela mais próxima, uma quantidade de energia equivalente, em média, a 2 calorias por segundo por centímetro quadrado de área perpendicular aos raios solares. Só para se ter uma idéia da energia liberada pelo Sol, seriam necessárias todas as reservas de petróleo, gás natural e carvão da Terra para fornecer um milionésimo do que o Sol produz em 1 segundo.

Essa energia radiante, entretanto, é emanada pelas estrelas durante um intervalo de tempo limitado. Quando o combustível nuclear — o hidrogênio — se esgota, elas passam a se compactar, desabando sobre si mesmas pela ação de forças de origem gravitacional e concentrando suas enormes massas em volumes extremamente pequenos se comparados aos volumes originais.

Dependendo de sua massa, uma estrela poderá transformar-se num buraco negro — um corpo hipercompactado, que tem sua gigantesca quantidade de matéria aglomerada num volume muito reduzido.

O Sol tem uma massa muito pequena para se transformar num buraco negro. Sua agonia como estrela, prevista para daqui a 5 bilhões de anos, deverá conduzi-lo à condição de anã branca, que é outro tipo de cadáver estelar. Os buracos negros mais comuns têm massa equivalente à de dez sóis.

Recordemos que a intensidade da aceleração da gravidade na superfície de um astro (g), desprezada sua rotação, é dada em função de sua massa (M) e de seu raio (R) por:



g = G * M/R


onde G é a Constante da Gravitação.

Como no caso dos buracos negros M é muito grande e R é muito pequeno, resulta g muito grande, o que produz em torno desses corpos campos gravitacionais extremamente intensos, que influem significativamente em todas as massas das proximidades, inclusive na luz, que é sensivelmente desviada pela sua atração.

Quando lançamos uma pedrinha verticalmente para cima, a partir da superfície de um astro, ela atinge determinada altura máxima e, depois de certo intervalo de tempo, retorna praticamente ao ponto de partida. Se repetirmos o lançamento imprimindo à pedrinha uma velocidade inicial maior, ela se elevará a uma altura maior, mas ainda voltará ao solo, atraída gravitacionalmente pelo astro. Se lançarmos a pedrinha sucessivamente com velocidades cada vez maiores, chegaremos a situações em que ela "escapará da gravidade do astro", não mais retornando à sua superfície.

A velocidade de escape na Lua, por exemplo, é de 1,8 km/s; na Terra, de 11,2 km/s e no Sol, de 620 km/s. Nos buracos negros, a velocidade de escape supera a barreira dos 300 000 km/s; por isso, nem mesmo a luz consegue escapar da sua atração. É por esse motivo que esses corpos celestes são invisíveis, tendo sua presença registrada apenas pela expressiva influência gravitacional manifestada nos arredores.

Se o Sol tivesse volume igual ao da Terra, a velocidade de escape desse astro fictício seria de 6 500 km/s. Para que a Terra se transformasse num buraco negro, sua massa deveria ser compactada até volumes menores que o de uma bola de gude.

Apesar de ser um tema muito discutido em nossos dias, os buracos negros já vêm sendo estudados desde o século XVIII: o astrônomo inglês John Michell (1724-1793) analisou a possibilidade da existência desses corpos, o mesmo ocorrendo com o matemático francês Pierre Simon de Laplace (1749-1827).

Atualmente, todas as teorias astronômicas utilizam essa concepção, dotando o Universo desses pólos invisíveis, verdadeiros sorvedouros de matéria, que desafiam a imaginação e levam o homem a se questionar em busca de explicações.

Conhecendo o inimigo

Fonte: Anjos e guerreiros
O que é câncer — Cientificamente, o câncer atende pelo nome de neoplasia, palavra originada do grego neo = novo, com o latino plasma = forma, que indica uma formação recente e anormal de tecido que não desempenha qualquer função no organismo. São células do próprio organismo que, por algum motivo, começam a se multiplicar desordenadamente. Nem toda neoplasia, no entanto, é cancerosa. O câncer enquadra-se na categoria das neoplasias — ou tumores — malignas. Enquanto os tumores benignos formam massas nitidamente demarcadas, os malignos caracterizam-se por invadir e danificar tecidos normais, localmente ou em partes distantes do corpo. Isso é possível devido a um fenômeno chamado de metástase: as células malignas entram no sistema linfático e na corrente sangüínea e são transportadas para outras partes do organismo. Os especialistas em câncer, chamados de oncologistas — do grego onkos, que significa volume ou massa —, já conseguiram detectar aproximadamente 150 tipos de tumores malignos, dependendo do local onde o tumor se desenvolve.

Qual é a causa — O câncer surge devido a mutações genéticas que provocam uma multiplicação descontrolada e um comportamento agressivo das células. Nem sempre é fácil descobrir o que provoca essa mutação. Há fatores internos, como hereditariedade ou o próprio processo de envelhecimento, e fatores externos, como a ação da radiação, tanto dos raios X quanto dos ultravioleta, provenientes do sol, além do uso de substâncias químicas cancerígenas. Dentre os fatores externos, o mais importante é certamente o fumo. O tabaco contém pelo menos 43 substâncias comprovadamente cancerígenas. Ele é responsável direto por 30% de todo o câncer existente no mundo, especialmente os que atingem o pulmão, boca, laringe, esôfago, rins, fígado, pâncreas e bexiga. Substâncias cancerígenas também são encontradas nos resíduos industriais, nos pesticidas e conservantes de alimentos industrializados. Outro fator externo relacionado ao aparecimento do câncer é o ataque de alguns tipos de vírus, como o retrovírus HTLV l e 2, que provocam alguns tipos de leucemias e linfomas, o papiloma vírus, responsável pelo câncer de colo do útero e o vírus da hepatite B, que pode causar câncer de fígado.

Retirado de: LOPES, Sônia. Bio – Volume único. Editora Saraiva.

Encalhei - por Ulisses Tavares

Meu navio corpo encalhou num banco de areia quando comecei a singrar velozmente as léguas dos vícios. E agora o vigor da juventude é uma ilha perdida a mil milhas daqui.

Meu navio espírito encalhou em maré baixa quando minha fé foi saqueada pelos piratas do templo é dinheiro. E agora rezo às vitrines dos shoppings, esses altares iluminados e profanamente sagrados para o homem contemporâneo.

Meu navio coração encalhou nos recifes para onde as sereias me atraíram. E agora confundo seus cantos dantes melodiosos com estridentes risadas de escárnio.

Meu navio ideologia encalhou quando votei, errei e meus eleitos partiram em seus iates. E agora estou jogado aos tubarões que comem peixinhos mirrados e plebeus como eu.

Meu navio consumidor encalhou nos ouvidos surdos do tele atendimento, que só tem tempo para vender. E agora corro atrás da furreca da garantia do liquidificador. O que era para facilitar o meu dia-a-dia serve apenas para desperdiçar os meus dias.

Meu navio cidadão encalhou no chiqueiro imenso da economia porcalhona. E agora procuro, sem achar, uma ONG não corrompida. Havia uma, disseram, mas afundou por falta de financiamento.

Meu navio desejo encalhou no furacão dos corpos nus, reais e virtuais, que me envolvem. Não tendo igualmente corpo tentador para trocar me restaria o consolo de comprar unzinho, mas agora estou pelado com a mão no bolso vazio.

Meu navio contribuinte encalhou e a guarda-costeira só açode mediante propina. E agora espero um fiscal mais compreensivo e mais baratinho.

Meu navio transcendental encalhou na porca miséria da matéria. E agora medito sobre as contas a pagar no final do mês, no final dos tempos dos eternos carnes.

Já me imaginei navio senhor dos sete mares. Encalhei na realidade e me vi canoa furada. E a água continua subindo.


Ulisses Tavares até sabe que o navio de nossa vida nem sempre chega ao porto pretendido. Mas não se conforma. Coisas de poeta.

Qual é a diferença entre "porcentagem" e "percentagem"?

Inicialmente, é preciso deixar claro que os dois termos referem-se à mesma coisa: a fração de um número inteiro expressa em centésimos. As expressões, entretanto, ingressaram por caminhos distintos no chamado Português Brasileiro.

O vocábulo “percentagem” foi adaptado do termo inglês percentage. Este, por sua vez, teria sido originado de per cent, derivado do latim per centum. Segundo o Dicionário Houaiss, o termo percentagem, o mais antigo, teria sido adotado na Língua Portuguesa ainda no século XIX, a partir de 1858.

“Porcentagem”, por sua vez, é considerado um abrasileiramento surgido da locução “por cento”, de uso corrente na língua portuguesa. Apesar de possivelmente ter sido cunhada no Brasil, a palavra também é utilizada em Portugal, por influência do termo pourcentage, do idioma francês.

Ambos, portanto, são corretos, mas nos léxicos mais modernos, como o Michaelis, porcentagem tem remissão para percentagem, o que denota preferência por essa última forma.

Retirado de: Revista Nova Escola, Outubro de 2009. Editora Abril.

Information Technology: more information, faster... but at what cost?

Personal computers, the Internet, and cell phones are giving more people access to more information than ever before – and much faster. If people around the world need information about anything, they will probably find it faster with the help of new technology.

No one knows what the long-term effects of new information will be, but already we can see important changes in our daily lives. In education, for example, new technology has began to make positive changes in the way we teach and learn. If students learn to use computers and the Internet to do research and report information, they will be better prepared for college or for work. An upside of new technology is that allows students to study English and other subjects on-line.

Information technology has also been beneficial to business. The use of e-mail and fax machines allows workers to share information instantly. People can use the Internet at work to research information without having to leave their offices. If people have laptop computers, they can easily take their work home or with them on business trips.

The advantages of information technology are clear, but there are also disadvantages. Computers are wonderful tools for researching, storing and sharing information, but they cannot replace human interaction. If people use computers too much, the downside is that they spend less time with other people. Computers can never replace face-to-face meetings and personal relationships at work.

Computers and others electronic technology will also isolate us at home if we are not careful. Computers are already contributing to a potentially negative behavior known as cocooning: the habit of staying at home – watching TV or videos, playing computer games, or surfing the Internet – rather than going out with other people. Our neighborhoods will become less friendly if we prefer our computers to our neighbors.

Fonte Desconhecida

Computer Violence - Are your kids at risk?

VIDEO GAMES have become a pervasive form of entertainment in the 1990s. Today an estimated 69 percent of American families own or rent video and computer games. Most are harmless entertainment, but in far too many of the most popular ones, kids are acting out realistic violent experiences on their TV and computer screens. They are severing heads and snapping spines in Mortal Kombat IV. They are paying a go-go dancer to flash her breasts and then blowing her away in Duke Nukem 3D. They are scorching the high school band with a flamethrower until they burn to death in Postal.

“These are not just games any-more,” says Rick Dyer, president of the San Diego-based Virtual Image Productions and an outspoken critic of titles with violent and sexual content. “These are learning machines. We’re teaching kids in the most incredible manner what it's like to pull the trigger, The focus is on the thrill, enjoyment and reward. What they are not learning are the real-life consequences.”

Interactive video games introduce kids to a fantasy world that features amazingly lifelike characters, detailed images of brutality, and an audio mix of heart-pounding music, macabre sound effects and authentic voices. Unlike movies and television, where you watch the violence. the game lets you feel the sensation of committing violent acts. When you're into the game, you’re in the game.
"The technology is becoming more engaging for kids," says David Walsh, president of the National Institute on Media and the Family (NIMF), a watchdog group in Minneapolis, "and a segment of games features antisocial themes of violence, sex and crude language. Unfortunately, it's a segment that seems particularly popular with kids ages eight to 15."

Fonte: Reader's Digest, January 1999

Como adquirir um bom condicionamento físico

Você já deve ter ouvido falar que fazer ginástica é saudável e importante para nossa saúde física e mental. Vamos ver fisiologicamente por quê.

Toda ginástica deve ser praticada sob orientação de profissionais competentes, pois atividade física sem boa orientação pode ser prejudicial à saúde e não benéfica.

Para melhorar nosso condicionamento físico sem causar danos ao nosso corpo, devemos aumentar gradual e progressivamente a intensidade, a frequência e a duração de uma atividade física. Não devemos iniciar um programa de atividade física fazendo muito esforço de uma só vez.

Com um programa bem-orientado, verifica-se um aumento da capacidade do corpo em utilizar o oxigênio para queimar o glicogênio das células musculares. Com isso, a pessoa vai conseguindo executar a atividade física cada vez com mais eficiência.
Esse aumento na capacidade de utilizar o oxigênio está relacionado principalmente a dois fatores:

1. O coração passa a bombear mais sangue por minuto. Isso é conseguido não porque o coração bate mais rápido, mas porque há um aumento na quantidade de sangue que é bombeada em cada contração do coração. Pessoas com bom condicionamento físico, quando estão em repouso, apresentam frequência de batimentos cardíacos menor que a de pessoas que não têm atividade física. Por exemplo, atletas maratonistas apresentam, em média, 45 pulsações por minuto quando em repouso, enquanto a média na população não-treinada é de 70 pulsações por minuto. Essas pessoas bem-treinadas aumentaram, ao longo do tempo, a musculatura cardíaca, que se tornou capaz de bombear mais sangue por minuto. Por causa disso, também, quando estão fazendo atividade física, a pulsação não aumenta tanto quanto a de uma pessoa sedentária que resolva correr sem preparo anterior.

2. Os músculos de uma pessoa treinada são capazes de extrair mais oxigênio do sangue. Isso porque as mitocôndrias das células musculares tornam-se mais numerosas e maiores, há um aumento da quantidade de mioglobina (proteína capaz de armazenar oxigênio nos músculos) e há um aumento do número de capilares sangüíneos nos músculos.

Esses fatores atuam em conjunto e nós não conseguimos que isso tudo ocorra em nosso corpo de uma hora para outra. Por isso, a atividade física deve ser gradual, para que possamos adquirir preparo físico.

A atividade física bem-orientada contribui para uma vida saudável, pois exerce um forte efeito positivo sobre o coração e o sistema vascular. Além disso, contribui para que se tenha uma vida mais longa e com menos doenças.

A saúde mental também se beneficia da atividade física. Pode parecer estranho, mas a atividade física relaxa o nosso corpo. Durante os exercícios, há estímulo para aumentar a produção de uma substância chamada endorfina, produzida no sistema nervoso central (na glândula hipófise e em outras regiões do encéfalo). Essa substância atua no nosso corpo diminuindo a dor e nos dando sensação de bem-estar. Os exercícios são recomendados inclusive para pessoas que têm depressão, pois a endorfina contribui para a melhora do doente.

Assim, devemos organizar nossa vida no sentido de praticar esportes, ou qualquer atividade física bem-orientada, com regularidade. Só temos a lucrar com isso.


Retirado de: LOPES, Sônia. Bio – Volume único. Editora Saraiva.

Carne, um vilão ecológico - Jair Donato

Há duas maneiras de olhar o mundo e os impactos que o homem provoca nele. A primeira, capitalista, por ser uma visão míope e devastadora, impede de ver que os recursos naturais são destruídos em curto prazo, como se não houvesse futuro. A segunda visão, essa merece uma reflexão mais profunda, é a longo prazo, onde se percebe que o resultado da primeira, na maior parte das vezes, é irreversível.

É fato que as atividades humanas, principalmente no século XX, foram responsáveis pelas alterações do clima no planeta, e provocam o superaquecimento da Terra. Segundo estudos publicados pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), a comida atual da humanidade, à base de carne, se tornou uma das grandes fontes depreciativas e poluidoras do meio ambiente.

Todo o processo de produção e consumo de carne de boi, peixe, frango ou porco, dentre outras, é responsável pela poluição do ar, do solo e da água, quando aplicado sem respeito ao meio ambiente. Os animais são grandes emissores de gases poluentes, além das áreas de recursos naturais que são devastadas para criá-los.

É inegável que a maior parte do crescimento da criação bovina no Brasil se dá à custa da destruição das florestas. O especialista em ecoturismo, João Meirelles Filho, autor de "O livro de Ouro da Amazônia" diz que o boi é a principal razão da destruição dos ecossistemas brasileiros. Foram 93% da Mata Atlântica, 80% da Caatinga, 50% do Cerrado e 18% da Amazônia, devastados para essa função.

Além de poucas vantagens coletivas na atividade bovina, é um péssimo empregador. Poucos cuidam de milhares de cabeças de gado, altamente lucrativas para um segmento, e prejuízo para a natureza. Anualmente, mais de 20 bilhões de metros quadrados da Floresta Amazônica são derrubados para plantio de grãos, seguido da criação de pasto.

Segundo dados do IBGE (2000), no Brasil o número de cabeças de gado ultrapassa a população, são quase 200 milhões de bovinos. Quase 70% da pecuária é representada por bovinos, a maioria para corte, outra parte, para leite. Foi estimada uma emissão em torno de 9,2 milhões de toneladas de metano, gás liberado pelos animais, que polui até 21 vezes mais do que o gás carbônico, provenientes da pecuária.

Dos gases que formam a camada do efeito estufa, 18%, vêm da criação bovina e suína. Segundo a FAO, cerca de 37% das emissões globais de metano e 65% de oxido nitroso, gases poluentes dezenas de vezes superior ao gás carbônico, surgem dessas atividades. Uma vaca chega a produzir 600 litros/dia de metano. Há país que esse número chega até 700 litros, devido à fermentação do alimento recebido.

Atualmente, a questão ética se passa, fundamentalmente, pela postura do consumidor ao adquirir produtos ecologicamente corretos. Ambientalistas, ecologistas e climatólogos apontam a importância do consumo consciente na alimentação à base de carne, como forma de poluir e degradar menos.

Quase metade das terras propícias para agricultura, no planeta, já virou pasto. Cerca de 35% de todos os grãos produzidos mundialmente são destinados à ração bovina, quantia que supriria a fome nos países pouco desenvolvidos, carentes de alimentos. Mas parece que é a fome que é ilícita e ignorada, em detrimento do delírio mercantilista de poucos.

Mato Grosso, econômica e politicamente, tem títulos internacionais como maior parque pecuário do país e grande produtor de grãos. Na primeira visão, a do velho paradigma de ganho, isso pode ser sinônimo de riqueza e desenvolvimento. Mas para quem? Para quantos? Por quanto tempo? Talvez seja o momento de uma profunda reflexão a longo prazo, preservar e conservar mais, sem poluir tanto.

Pense no impacto dos próximos anos em que o planeta terá de suportar 9 bilhões de pessoas, se não houver uma mudança ecológica nos hábitos alimentares. Sem radicalismos, mas isso merece um repensar individual e coletivo. Mais que uma questão de saúde, é uma atitude ambiental-mente correta. Qual a sua visão? É em curto ou em longo prazo? Isso é o que pode fazer você agir diferente, e seus filhos viverem melhor.

Jornalista em Cuiabá, consultor — life coach —,
professor universitário, especialista em
gestão de pessoas e qualidade de vida.
e-mail: jairdomnato{at}gmail[dot]com

Fonte Desconhecida. Se você souber a fonte, poste um comentário avisando.

Teias de aranha inspiram engenheiros

Os engenheiros genéticos especializaram-se em copiar proteínas com enorme precisão


No final da década de 1960, o exército norte-americano descobriu que a seda produzida pelas aranhas na construção das teias é tão resistente e elástica que poderia ser usada na confecção de coletes à prova de balas. Entretanto, nem mesmo as forças armadas americanas poderiam suportar os custos de equipar suas tropas com coletes fabricados com fios de teias de aranha.

Os cientistas estão estudando a estrutura físico-química das teias das aranhas com o objetivo de criar materiais sintéticos com as mesmas propriedades. Essa nova área científica na pesquisa de materiais biomoleculares, denominada física biomimética, ainda não deu lucros, mas os pesquisadores estão entusiasmados com a fabricação de novas substâncias baseadas em estruturas protéicas.

"O potencial é magnífico!", declara Stephen J. Brewer, que controla a química de bioprodutos da indústria Monsanto, em Saint Louis (EUA). "Ainda estamos longe de obter produtos comercializáveis", ele acrescenta, "mas estamos aprendendo muito sobre a química das proteínas, o que poderá permitir o desenvolvimento de outros produtos."

Os novos materiais são um exemplo do que pode surgir da combinação de disciplinas científicas distintas. Durante décadas, os químicos especializados em polímeros desenvolveram compostos pela combinação de diversos monômeros. Mas, mesmo quando se toma o máximo de cuidado na produção de um polímero, o resultado é uma mistura de cadeias poliméricas de diversos comprimentos, o que afeta as propriedades do produto final.

Os engenheiros genéticos, por outro lado, se especializaram em copiar proteínas com enorme precisão. Inserindo genes em microrganismos eles já são capazes de produzir milhares de moléculas absolutamente idênticas.

Esse tipo de precisão tem sido o sonho dos químicos que trabalham com polímeros."Historicamente, a ciência dos polímeros tem avançado sempre que aumentamos o controle que podemos exercer sobre as cadeias poliméricas" informa David A.Tirrell, diretor do Laboratório de Ciências dos Materiais da Universidade de Massachusetts, em Amherst (EUA). "Assim, o controle absoluto de processamento permitido pela Engenharia Genética promete levar a um domínio de materiais até agora inexplorados", ele acrescenta.

"Entender como uma aranha libera sua seda também é muito importante", acrescenta David Kaplan, membro do Centro de Pesquisa, Desenvolvimento e Engenharia de Armamentos, em Massachusetts (EUA). Fibras sintéticas têm de ser produzidas com a utilização de ácidos fortes e requerem processamentos técnicos especiais, com o emprego de altas temperaturas. Já a ara-nha tem um segredo: sintetiza uma proteína solúvel em água, mas a secreta na forma de fortíssimos fios insolúveis em água. O conhecimento sobre a construção das teias pode lançar nova luz sobre a técnica de produção de materiais sintéticos.


Retirado de: AMABIS, José Mariano; MARTHO, Gilberto Rodrigues. Biologia (Ensino Médio), vol. 2, pág. 392-3. Editora Moderna. São Paulo, 2009.

Você - Pasquale Cipro Neto

A Unicamp (Universidade de Campinas) é reconhecida no país por muitos de seus méritos. E, a bem da verdade, a Unicamp começa bem já no vestibular. Muitas das questões - é pena que não sejam todas - são interessantes, inteligentes, de ótimo nível.

O vestibular dessa importante escola começou em 1987. Nesse ano, justamente a primeira questão da prova de português pedia ao aluno que indicasse as marcas típicas da oralidade, ou seja, da língua falada, presentes no discurso de um engenheiro eletrônico. Tratava-se de uma entrevista concedida por ele a um jornal. Disse o engenheiro: "Os grandes problemas, você deve ter um desenvolvimento tecnológico local".

A questão pedia que o aluno reescrevesse a frase, adequando-a "à língua escrita culta". De imediato, chama a atenção a falta de conexão. A expressão "os grandes problemas" parece atirada, jogada, perdida. Falta verbo, falta algo que una essa expressão ao resto da frase. Talvez algo como "Para resolver os grandes problemas, você...".

Epa! Você? Quem é você? Até prova em contrário, você é a pessoa com quem estou conversando. Você é meu interlocutor. E esse "você" da resposta do engenheiro parece muito pouco para a dimensão - nacional - do pensamento. "Para resolver os grandes problemas, é preciso desenvolvimento tecnológico local". Ou: "A solução dos grandes problemas exige desenvolvimento tecnológico local". Ou ainda: "Para a solução dos grandes problemas, exige-se desenvolvimento tecnológico local". Percebeu? O "você" do engenheiro não era a pessoa com quem ele conversava. E é aí que quero chegar. É cada vez mais frequente, na linguagem oral, o uso da palavra "você" com valor genérico. Dia desses, ouvi famoso jogador de futebol dizer que "quando você bate na bola com o lado de fora do pé...". Ouvi também uma mulher dizer a um repórter - repito: um repórter, homem, do sexo masculino - que "quando você está grávida...". O repórter fez cara de espanto, com os olhos arregalados, como que a perguntar: "Eu: Grávida?".

No último Grande Prêmio de Fórmula l, o locutor Galvão Bueno, enquanto explicava o regulamento, dizia que "quando você deixa o carro morrer na largada, deve ir para o fim da fila". Como houve duas ameaças de largada, Galvão disse pelo menos duas vezes que "quando você...".

O problema é que Galvão não estava conversando com os pilotos, e sim com o telespectador, que não deixa carro morrer na largada, por uma razão muito simples: não participa de corridas.

Pelo menos na linguagem formal, culta, é bastante desejável a eliminação desse cacoete. É cansativo, pobre e enfadonho o uso da palavra "você" como indicador de algo genérico, coletivo. No caso da corrida, bastaria dizer que "quando se deixa o carro morrer na largada, deve-se ir para o fim da fila". - Também se poderia dizer que "quando o piloto deixa o carro morrer na largada, deve ir para o fim da fila".

O recém-reeleito governador de São Paulo, Mário Covas, é outro que tem abusado do bendito você que não é você. Vi-o em várias entrevistas - antes e depois da campanha -, repetindo à exaustão que "quando você investe bem o dinheiro do povo", "quando você aplica no social", "quando você faz o que realmente é necessário para o povo", "quando você,..".

Vamos quebrar a monotonia: "Quando se investe bem o dinheiro do povo" (ou "Quando o governo/os governantes investe/investem bem o dinheiro do povo"); "Quando se aplica no social" (ou "Quando o governo/os governantes aplica/aplicam no social"); "Quando se faz o que realmente é necessário para o povo" (ou "Quando o governo/os governantes faz/fazem o que realmente é necessário para o povo").

Uma ex-aluna esteve na Austrália, para estudar. Lá ficou alguns meses. Viciada em você, traduzia essa história de "você" ao pé da letra. A todo instante, dizia "When you..." ("Quando você", em inglês). Diz ela que as pessoas se assustavam. Punham a mão no peito e diziam - em inglês, é claro: "Eu, não!". No começo, minha ex-aluna não entendia o porquê da reação. Não demorou muito para perceber.

Talvez haja uma explicação sociolinguística ou psicolingüística para o sumiço dos indicadores genéricos da nossa linguagem oral. Será que não é, mais uma vez, porque o brasileiro tem pavor do que é coletivo, genérico, ou seja, tudo no Brasil precisa ser individual, personalizado? Quem sabe. Os antropólogos também podem meter a colher.

Aceitam-se sugestões. E lá vai uma, mais do que urgente: pelo menos em situações formais - sobretudo na escrita -, pare com esse cacoete de usar você que não é você.

Até a próxima. Um forte abraço.

Retirado de: CULT – Revista Brasileira de Literatura. Dezembro de 98 – pág. 15

Como copiar da internet - Umberto Eco

Uma discussão está atingindo o mundo da internet, e diz respeito à Wikipédia. Pra quem não conhece, trata-se de uma enciclopédia online, escrita diretamente pelos usuários. Não sei até que ponto uma redação central controla de fato as contribuições, provenientes de tod parte, mas quando me aconteceu de consultá-la sobre temas que conhecia (para verificar apenas uma data ou o título de um livro) sempre a achei bem-feita. O fato de estar aberta à colaboração de qualquer um, porém, apresenta lá seus riscos, e já aconteceu que certas pessoas viram ser-lhes atribuídas coisas que nunca fizeram e até ações reprováveis. Naturalmente reclamaram e o verbete foi corrigido.

A Wikipédia também tem outra propriedade: quem quer que seja pode corrigir um verbete que considere errado. Fiz o teste com o verbete que me diz respeito: continha um dado biográfico impreciso, corrigi-o, e desde então o verbete não contém mais aquele erro. Além disso, no resumo de um dos meus livros havia o que eu considerava uma interpretação errada, pois dizia que eu "desenvolvo" uma certa idéia de Nietzsche, ao passo que, de fato, a contesto. Corrigi develops por argues against, e essa correção também foi aceita.

Isso está longe de me deixar tranquilo. Qualquer uma amanhã poderia intervir mais uma vez naquele verbete e atribuir-me (pelo prazer da galhofa, por maldade, por estupidez) o contrário do que eu disse ou fiz. Na internet ainda circula um texto em que diz que eu seria Luther Blisset, o famoso falsificador (e mesmo anos depois que os autores das zombarias se apresentaram). Eu também poderia ser tão malicioso a ponto de adulterar os verbetes sobre autores por quem tenho antipatia, atribuindo-lhes escritosm percursos pedófilos ou ligações com a seita dos filhos de satanás.

Quem na Wikipédia confere não só os textos, mas também suas correções? Ou funciona ali uma espécie de compensação estatística, pela qual uma notícia falsa mais cedo ou mais atrde será identificada?

O caso da Wikipédia, aliás, é pouco preocupante em relação a outros dentre os problemas cruciais da internet. Ao lado de sites extremamente confiáveis, mantidos por pessoas competentes, existem sites totalmente ordinários, elaborados por ineptos, desequilibrados ou até criminosos nazistas, e nem todos os usuários da web são capazes de estabelecer se podem ou não confiar num site. O que tem uma implicação educacional dramática, porque já sabemos que alunos das escolas e até estudantes universitários com certa frequência evitam a consulta a livros ou enciclopédias e vão tirar informações diretamente da internet; isso a tal ponto que já há certo tempo venho afirmando que a nova matéria fundamental a ser ensinada na escola deveria ser uma técnica de seleção das notícias online - salvo tratar-se de uma arte difícil a ser ensinada, porque não raro os professores são tão indefesos quanto seus estudantes.

Além disso, muitos educadores queixam-se do fato de que os estudantes já chegaram ao ponto que, quando têm de redigir uma pesquisa ou mesmo uma monografia universitária, copiam o que encontram na Internet. Quando copiam de um site nada confiável deveríamos supor que o professor perceberá que estão dizendo tolices, mas é óbvio que, para certos assuntos altamente especializados, é difícil estabelecer de imediato se o estudante está afirmando coisas falsas.

Suponhamos que um estudante escolha desenvolver uma monografia sobre um autor muito, mas muito marginal, que o docente só conhece indiretamente, e que atribui a ele a autoria de uma determinada obra. O docente seria capaz de dizer que aquele autor nunca escreveu aquele livro — a não ser que para cada texto que recebemos (e por vezes podem ser dezenas e mais dezenas de trabalhos) façamos uma verificação cuidadosa, pesquisando diversas fontes?

Não só. O estudante pode apresentar uma pesquisa que parece correia (e até é), mas que ele copiou diretamente da Internet dando um "recortar e colar". Pessoalmente tendo a não considerar trágico esse fenômeno, porque até copiar bem é uma arte nada fácil, e um estudante que sabe copiar bem tem direito a uma boa nota. Aliás, mesmo quando não existia a Internet os estudantes podiam copiar de um livro encontrado na biblioteca, e o caso não era diferente (exceto implicar mais trabalho manual). E, enfim, um bom docente sempre percebe quando um texto é copiado sem critério e fareja o truque (repito, se tiver sido copiado com critério, parabéns).

Todavia, acho que existe uma maneira bastante eficaz de explorar pedagogicamente os defeitos da Internet. Deem como exercício em classe, pesquisa para casa ou monografia o seguinte tema: encontre na Internet uma série de artigos nada confiáveis sobre o tema X e explique por que não têm fundamento. Aqui está uma pesquisa que requer capacidade crítica e habilidade no cotejo das diferentes fontes - e que exercitaria os estudantes na arte da discriminação.

Retirado de: Revista Entrelivros. Abril de 2006, pág. 98.
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