Os limites da ciência

A Criação de Adão, por Michelangelo Buonarroti (domínio público)

Incapazes de montar um argumento científico eficiente, os defensores do Projeto Inteligente e das formas mais antigas do criacionismo recorrem à retórica. Eles afirmam, por exemplo, que a evolução é na verdade uma ideologia, nascida de um culto ao naturalismo, que afirma que Deus não tem função no universo e que os eventos possuem apenas causas naturais. Os darwinistas “aderiram ao mito a partir do interesse próprio e do desejo de eliminar Deus”, escreve Phillip Johnson, um professor de direito e criacionista confesso. Johnson afirma que os biólogos evolutivos se recusam a considerar a possibilidade de que uma intervenção sobrenatural tenha influenciado o universo e estão cegos diante das fraquezas da evolução. Em uma audiência justa – na qual a intervenção divina pudesse ser considerada uma explicação possível para a história da vida –, Johnson afirma que o criacionismo venceria.

Carta de Repúdio - por Andrea Grace

Carta de repúdio escrita por Andrea Grace, depois da "onda" de declarações preconceituosas iniciadas após as eleições, no twitter e facebook, contra os nordestinos.

Os insultos começaram com a declaração da estudante de direito paulista, Mayara Petruso (que já está sendo processada pela OAB-PE), na qual incitava as pessoas a "afogarem um nordestino":

“Nordestino não é gente. Faça um favor a SP: mate um nordestino afogado!”
 

Não sou uma pessoa que costuma envolver-se em polêmicas ou declarar seus posicionamentos de forma ferrenha, pois acredito na palavra “Democracia” em toda a sua extensão e profundidade. Entretanto, diante de alguns – para não dizer centenas - de comentários que li via twitter, decidi escrever essa carta.

No último dia 31/10, dia em que o Brasil votou e elegeu a sua primeira presidente mulher – um avanço para o nosso país – os nordestinos foram extremamente desrespeitados e discriminados por terem sido os protagonistas do resultado eleitoral nacional. Comentários como “pessoas sem esclarecimento”, “sem acesso a informação”, “alienadas” foram difundidas, em pleno século XXI, apregoando uma ideia ridícula de segregação do Norte e Nordeste, em relação ao resto do país.

Para surpresa de alguns desinformados que twitaram tais absurdos, nós nordestinos conseguimos ler, fato que alguns julgaram impossível, pois acreditavam que no Nordeste “ninguém sabia nem o que era twitter”. Engraçado é que muitos nordestinos acessam o twitter, o orkut, o facebook e os seus blogs, a partir de notebooks, netbooks, Iphones e Smartphones que, pasmem, nós sabemos o que é cada ferramenta dessa e trabalhamos a ponto de ter acesso a comprá-los, inclusive através dos websites do sudeste. É... os correios também atendem à região Nordeste...

Além disso, escrevo de uma cidade do interior paraibano – Campina Grande – situada entre as nove cidades tecnológicas do mundo, segundo a revista NewsWeek (vide: http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=7202), exportando tecnologia da informação para países, como Espanha, EUA e China. Ademais, somos a primeira cidade do Brasil a dominar a tecnologia do plantio de algodão colorido ecologicamente correto. Vivemos num estado, assim como todos, com uma indiscutível má distribuição de renda, fato que não impede que campus de universidades particulares e públicas ofereçam oportunidades de acesso ao ensino superior a todas as classes sociais.

Dentro dessa desigualdade social, ferida aberta em todos os grandes centros urbanos, vemos shoppings (é... nós temos shoppings no Nordeste) oferecendo produtos que apenas uma parte da população pode ter acesso, contrastando com casas paupérrimas. Vemos as simples bicicletas, meio de transporte ultimamente eleito como o melhor para o meio ambiente, disputarem espaço com grandes carros de empresas estrangeiras, a exemplo da Hyndai, Honda, Kya, bem como com carros mais populares, produzidos pela Fiat, Chevrolet, e Volkswagen. É... aqui já faz algum tempo que a carroça deixou de ser o principal meio de transporte.

O que mais me assusta é que, diante de pessoas que se declaram tão superiores e esclarecidas, nós nordestinos demonstramos mais poder de decisão e escolha, pois não nos guiamos pelas opiniões alienantes e oligárquicas difundidas pelos principais meios de comunicação nacional. Fato que também deve estarrecer os mais desinformados, pois nós aqui temos televisão, inclusive de plasma, LCD e de LED, e recebemos os sinais das principais redes de televisões do Brasil, sem falar que nos mantemos informados também através de tvs à cabo – mais de uma empresa? – pois é... isso pode ser um tanto quanto impactante para alguns habitantes da parte inferior do nosso mapa brasileiro.

O que observamos é que o Brasil, nesses últimos quatro anos, assistiu a uma expansão do ensino superior, a uma diminuição da miserabilidade do país, a uma estabilidade econômica e a uma descentralização da distribuição de recursos federais, e isso foi determinante, acredito eu, para a escolha verificada com tanta revolta por alguns. A demagogia, o autoritarismo, os sorrisos forçados, a imagem da oligarquia não satisfaz mais a um povo que já sofreu muito com a falta de um olhar de credibilidade para a nossa região.

E para aqueles que não acompanharam muito de perto os resultados eleitorais por região, os estados do Rio de Janeiro e de Minas Gerais, localizados na região Sudeste, também elegeram a candidata petista. Apesar da grande votação da candidata petista na região Nordeste, essa decisão não foi tão unâmime como todos pensam, pois em Campina Grande, repito, na Paraíba, o candidato José Serra teve mais de 60% dos votos. O que prova que democracia é uma palavra que, além de exigir respeito, é imprevisível.

Por tudo isso, venho com todo o meu sentimento de pesar, pelos comentários lidos, não defender um candidato ou outro, mas defender o povo nordestino que possui o direito de votar, bem como todas as demais regiões possui, e esclarecer, àqueles que acreditam em sua superioridade de reflexão e tomada de decisões, que os nordestinos não são a escória do Brasil, mas que contribuímos economicamente com o nosso país e merecemos receber em troca investimento e respeito.

Aconselho também, a tais pessoas e às que pensam como elas, a conhecer o Brasil como um todo, antes de denegrir as pessoas, baseados em informações frágeis e opiniões preconceituosas. Quem não conhece o Nordeste, não acredite em tudo que é veiculado pela televisão: venha aqui e se encante!

Andrea Grace
(Nordestina, paraibana e mestranda em letras pela
Universidade Federal de Campina Grande)
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